sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Reciclagem

Tenho cá em casa alguns monos velhos que não sei que lhes hei-de fazer, principalmente impressoras. Lembrei-me do anúncio que dá na Tv sobre a Amb3e e fui espreitar o site, talvez esta fosse uma hipótese de me ver livre deste fado. O giro é que eles anunciam que os há em quase todas as superfícies comerciais do país, mas isso é treta, há alguns na área de Lisboa e...e. depois pus-me a pensar: tenho que sair de casa, carregar as impressoras, meter-me no carro e andar uns bons kilómetros, menos de 20 nunca serão, para encontrar um ponto de recepção de equipamentos usados, chego, coloco e, no fim, o que é que eu ganho com isso? Quando posso, simplesmente, colocá-los no ecoponto à porta da minha casa onde alguém se dará ao trabalho de recolher e fazer chegar aos lugares próprios? Afinal, não é para isso que pagamos todos os meses a taxa do lixo? Para, supostamente, alguém recolher os nossos restos e zelar para que eles sejam tratads e reciclados condignamente?
Para além disso, fui também verificar no dito site o que acontece com o equipamento usado que lá é depositado e, claro, não dizem nada a respeito. Como sempre. O mais certo é que alguém vá reciclar aquilo tudo que nós lá entregamos de graça, muitas vezes fazendo uma porrada de kilómetros para lá chegar, de carro obviamente, porque estas coisas não se transportam nos transportes públicos, gastando o belo do combustível que, como todos sabemos, está pelas horas da morte e, no fim de tudo, alguém vai pegar gratuitamente nos nossos moribundos equipamentos, reciclá-los e depois fazer dinheiro com isso. É óbio. E nós, continuamos a gastar uma enormidade todos em meses em taxas para pagar um trabalho que somos nós que fazemos, que nos damos ao trabalho de separar nas nossas casinhas, comprando caríssimos ecopontos caseiros, só com a feliz compensação que estamos a contribuir para um mundo mais puro e ecológico. Como sempre, há uma minoria que anda a viver à custa da maioria e até o planeta entra na berlinda.
Sou defensora acérrima da reciclagem e do aproveitamento dos recursos, devemos proteger o nosso planeta, mas não aceito que algumas pesosas se aproveitem disso para continuar a fazer dinheiro. Afinal, segundo aquilo que eu percebi sobre o processo, tudo o que é reciclado é transformado noutros produtos, muitas vezes em coisas que não lembra nem ao diabo de tão originais que são. Logo, esses produtos irão ser comercializados e quem o faz vai ganhar dinheiro com isso. Este é o processo normal de qualquer indústria: compra a matéria-prima, transforma-a em algo, vende e faz dinheiro. A minha única questão aqui é o primeiro ponto, será que as empresas que utilizam materiais reciclados compram a matéria-prima? Das duas uma: se não o fazem estão a usar matéria-prima gratuita, logo, o lucro será maior porque fomos nós quem lha oferecemos; se a pagam, alguém está a ganhar dinheiro à custa da matéria prima gratuita que fomos nós que oferecemos. Ou seja, um dos dois está a encher-se à custa do ingénuo contribuinte que recicla o papel, o plástico, o vidro, o que quer que seja que polui o planeta, paga a taxa do lixo e, depois disso, quando volta para casa com o coração purificado do sentido do dever cumprido, enquanto isso, está uma indústria ou o Estado a encher os bolsos, tudo à conta do nosso desperdício. Afinal, deveríamos ser nós a receber do Estado a taxa do lixo e não ao contrário! Que droga de vida!