sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Imaginem - de Mário Crespo


 
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Imaginem 00h30m
Imaginem que todos os gestores públicos das 77 empresas do Estado decidiam voluntariamente baixar os seus vencimentos e prémios em dez por cento. Imaginem que decidiam fazer isso independentemente dos resultados. Se os resultados fossem bons as reduções contribuíam para a produtividade. Se fossem maus ajudavam em muito na recuperação.
Imaginem que os gestores públicos optavam por carros dez por cento mais baratos e que reduziam as suas dotações de combustível em dez por cento.  

 
Imaginem que as suas despesas de representação diminuíam dez por cento também. Que retiravam dez por cento ao que debitam regularmente nos cartões de crédito das empresas.
 
Imaginem ainda que os carros pagos pelo Estado para funções do Estado tinham ESTADO escrito na porta. Imaginem que só eram usados em funções do Estado.  
 
Imaginem que dispensavam dez por cento dos assessores e consultores e passavam a utilizar a prata da casa para o serviço público.
 
Imaginem que gastavam dez por cento menos em pacotes de rescisão para quem trabalha e não se quer reformar.
 
Imaginem que os gestores públicos do passado, que são os pensionistas milionários do presente, se inspiravam nisto e aceitavam uma redução de dez por cento nas suas pensões. Em todas as suas pensões. Eles acumulam várias. Não era nada de muito dramático. Ainda ficavam, todos, muito acima dos mil contos por mês.  Imaginem que o faziam, por ética ou por vergonha. Imaginem que o faziam por consciência.
 
Imaginem o efeito que isto teria no défice das contas públicas.  
 
Imaginem os postos de trabalho que se mantinham e os que se criavam.
 
Imaginem os lugares a aumentar nas faculdades, nas escolas, nas creches e nos lares.
 
Imaginem este dinheiro a ser usado em tribunais para reduzir dez por cento o tempo de espera por uma sentença. Ou no posto de saúde para esperarmos menos dez por cento do tempo por uma consulta ou por uma operação às cataratas.  
 
Imaginem remédios dez por cento mais baratos. Imaginem dentistas incluídos no serviço nacional de saúde.
 
Imaginem a segurança que os municípios podiam comprar com esses dinheiros.
 
Imaginem uma Polícia dez por cento mais bem paga, dez por cento mais bem equipada e mais motivada.
 
Imaginem as pensões que se podiam actualizar. Imaginem todo esse dinheiro bem gerido.
 
Imaginem IRC, IRS e IVA a descerem dez por cento também e a economia a soltar-se à velocidade de mais dez por cento em fábricas, lojas, ateliers, teatros, cinemas, estúdios, cafés, restaurantes e jardins.
Imaginem que o inédito acto de gestão de Fernando Pinto, da TAP, de baixar dez por cento as remunerações do seu Conselho de Administração nesta altura de crise na TAP, no país e no Mundo é seguido pelas outras setenta e sete empresas públicas em Portugal. Imaginem que a histórica decisão de Fernando Pinto de reduzir em dez por cento os prémios de gestão, independentemente dos resultados serem bons ou maus, é seguida pelas outras empresas públicas.·
Imaginem que é seguida por aquelas que distribuem prémios quando dão prejuízo.
Imaginem que país
podíamos ser se o fizéssemos.
Imaginem que país
seremos se não o fizermos.
 
Assunto: Estamos todos prontos para ajudar Portugal a sair da Crise?

ORDENADOS MENSAIS DE VINTE ADMINISTRADORES DE EMPRESAS PUBLICAS 

VALOR
EMPRESA                                 -                              NOME
420.000,00 €
TAP
administrador
Fernando Pinto
371.000,00 €
CGD
administrador
Faria de Oliveira
365.000,00 €
PT
administrador
Henrique Granadeiro
250.040,00 €
RTP
administrador
Guilherme Costa
249.448,00 €
Banco Portugal
administrador
Vítor Constâncio
247.938,00 €
ISP
administrador
Fernando Nogueira
245.552,00 €
CMVM
Presidente
Carlos Tavares
233.857,00 €
ERSE
administrador
Vítor Santos
224.000,00 €
ANA COM
administrador
Amado da Silva
200.200,00 €
CTT
Presidente
Mata da Costa
134.197,00 €
Parpublica
administrador
José Plácido Reis
133.000,00 €
ANA
administrador
Guilhermino Rodrigues
126.686,00 €
ADP
administrador
Pedro Serra
96.507,00 €
Metro Porto
administrador
António Oliveira Fonseca
89.299,00 €
LUSA
administrador
Afonso Camões
69.110,00 €
CP
administrador
Cardoso dos Reis
66.536,00 €
REFER
administrador
Luís Pardal: Refer
66.536,00 €
Metro Lisboa
administrador
Joaquim Reis
58.865,00 €
CARRIS
administrador
José Manuel Rodrigues
58.859,00 €
STCP
administrador
Fernanda Meneses
3.706.630,00 € (Mês)


51.892.820,00 € (Ano)
     Valor do ordenado anual (12 meses + subs Natal + subs férias)
926.657,50 € (Ano)
Média Prémios

52.819.477,50 €


900,00 €
     Média de um funcionário público
 
 
Dá para pagar:
58.688,31 - nº de ordenados mensais do típico funcionário público
 
4192  - Ordenados Anuais do típico Funcionário Publico
 
E DEPOIS AINDA QUEREM SABER SE A MALTA ESTÁ DISPOSTA A ABDICAR DO SUBSÍDIO DE FÉRIAS E/OU NATAL PARA AJUDAR O PAÍS...
 
 
 
 
 (Enviado por um funcionário das finanças ressabiado com os cortes que sofreu)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Em guerra com a distribuição

Não há fome que não dê em fartura.
Eu sou, posso assim dizer, uma filha do novo tipo de comércio. Estou viciada em compras pela Internet. É quase tão mau como a tentação de comprar ao vivo e a cores, quando não se resiste àquela peça ali à mão de semear. Aqui, apesar de não estarmos ali a ver as coisas, o facto de podermos procurar produtos no mundo inteiro e depois ser só pagar pelo homebanking e já está, negócio feito, confesso que é uma perdição. E eu, tal qual muitas outras pessoas que trabalham a partir de casa, a Internet é o meu melhor amigo. Pois bem, para ajudar à festa, o facto de muitos dos produtos que utilizo na Gravura não existirem em Portugal, aliado ao facto de os que existem serem mais caros, de há um tempo a esta parte que me viciei em comprar numa tienda espanhola que tem tudo para o efeito. E assim, faço; babo-me a pesquisar os produtos, para que servem e depois compro. Até aqui parece tudo maravilhoso, se depois do processo de compra não se se seguisse o processo da entrega. E aqui, meus amigos, é que começa a história.
Por motivos profissionais, no mês de Janeiro tive que fazer duas encomendas de material à referida loja. A primeira veio pela TNT. Tirando o facto de o estafeta não dar com a minha rua porque não aparecia no GPS e depois terem entregado os vários embrulhos da encomenda em dias separados, deixando-me agrafada por não ter o material para dar as minhas aulas de gravura, todo o resto correu bem. Foram incansáveis no apoio ao cliente e fizeram tudo o que estava ao seu alcance para me resolverem o problema. Até mandaram uma pessoa de propósito a minha casa para me entregar um dos embrulhos que tinha chegado de Espanha posteriormente.
Esta semana tive que fazer mais uma compra de material que faltou e, desta vez, tiveram a infeliz ideia de mandar pela SEUR. Calamidade. A novela começou na terça-feira: passei o dia inteiro em casa, não fui sequer à minha aula de hidro de manhã, para não correr o risco de não estar ninguém em casa. Mas às 16h tive que sair para trabalhar, pois ao contrário das outras pessoas, trabalho em horário dito pós laboral. Quando cheguei a casa tinha um aviso na caixa do correio a dizer que tinham ido fazer a entrega às 17h20, não estava ninguém e para contactar o apoio ao cliente. Assim fiz logo no dia seguinte, pelas 9h30. Qual o meu espanto, depois de estar agarrada ao gravador quase 5 minutos e a pagar a chamada, diz-me a sra do outro lado que a encomenda tinha saído novamente para entrega. Perguntei a que horas aproximadamente ia ser entregue porque ao fim da tarde ia sair, ao que me responde que não sabia, nem dava para agendar a entrega. Bem, pensei com os meus botões que se tinha saído para entrega e já tinha sido feita uma tentativa no dia anterior, concerteza logo pela manhã voltariam a tentar, pelo menos seria o mais lógico e o que já presenciei noutras situações. Passei a manhã de ouvido agarrado à campainha, atenta ao ladrar do meu cão, nem banho tomei com medo que a campainha tocasse e eu não ouvisse. Chegaram as 17h e tive que sair novamente, como no dia anterior, já antevendo que ia dar asneira. Assim foi, quando cheguei verifiquei a caixa do correio, sem nada. Hoje voltei a não ir à aula de Hidro com medo que me batessem à porta e, logo pela manhã cedo, liguei para o mesmo número; a resposta foi simples: "a encomenda está cá. Ontem tentaram entregar mas não estava ninguém". A que horas? perguntei. "Por volta das 16h30". Exactamente na altura em que saí. Foi então que todo o sangue que habita o meu corpo subiu pelas pernas e pelos braços, depois pela coluna até ao pescoço e saiu sem pedir licença à boca. Acredito que as pessoas que estão do outro lado do telefone muitas vezes não têm culpa, mas a isso se chama ossos do oficio. E lá lhe disse, a bom tom, tentando ser o mais educada que conseguia a minha adrenalina, que não era possível que tivessem voltado a tentar à mesma hora onde ja estava provado que não estava em casa. E diz-me a senhora que o melhor seria eu ir levantar ao entreposto. Então para que é que se pagou a uma transportadora? para transportar e entregar! Pois bem, tive que ir até ao emprego do meu marido, pegar no carro, ir até ao entreposto e levantar a encomenda. Agora pergunto:Porque é que não contactam o cliente para agendar as entregas, ou pelo menos dão indicação em que altura do dia estará alguém em casa?
Será mau feitio ficar irritada por perder duas aulas de hidro, gastar dinheiro em telemóvel para o apoio ao cliente e ainda ter que gastar combustível e me deslocar para levantar uma encomenda que foi comprada pela internet, supostamente, para ser mais cómodo e não ter que sair de casa?
Claro está que não me resta outra hipótese senão fazer uma reclamação, mesmo começando a achar que o problema é meu.