quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Em guerra com a distribuição

Não há fome que não dê em fartura.
Eu sou, posso assim dizer, uma filha do novo tipo de comércio. Estou viciada em compras pela Internet. É quase tão mau como a tentação de comprar ao vivo e a cores, quando não se resiste àquela peça ali à mão de semear. Aqui, apesar de não estarmos ali a ver as coisas, o facto de podermos procurar produtos no mundo inteiro e depois ser só pagar pelo homebanking e já está, negócio feito, confesso que é uma perdição. E eu, tal qual muitas outras pessoas que trabalham a partir de casa, a Internet é o meu melhor amigo. Pois bem, para ajudar à festa, o facto de muitos dos produtos que utilizo na Gravura não existirem em Portugal, aliado ao facto de os que existem serem mais caros, de há um tempo a esta parte que me viciei em comprar numa tienda espanhola que tem tudo para o efeito. E assim, faço; babo-me a pesquisar os produtos, para que servem e depois compro. Até aqui parece tudo maravilhoso, se depois do processo de compra não se se seguisse o processo da entrega. E aqui, meus amigos, é que começa a história.
Por motivos profissionais, no mês de Janeiro tive que fazer duas encomendas de material à referida loja. A primeira veio pela TNT. Tirando o facto de o estafeta não dar com a minha rua porque não aparecia no GPS e depois terem entregado os vários embrulhos da encomenda em dias separados, deixando-me agrafada por não ter o material para dar as minhas aulas de gravura, todo o resto correu bem. Foram incansáveis no apoio ao cliente e fizeram tudo o que estava ao seu alcance para me resolverem o problema. Até mandaram uma pessoa de propósito a minha casa para me entregar um dos embrulhos que tinha chegado de Espanha posteriormente.
Esta semana tive que fazer mais uma compra de material que faltou e, desta vez, tiveram a infeliz ideia de mandar pela SEUR. Calamidade. A novela começou na terça-feira: passei o dia inteiro em casa, não fui sequer à minha aula de hidro de manhã, para não correr o risco de não estar ninguém em casa. Mas às 16h tive que sair para trabalhar, pois ao contrário das outras pessoas, trabalho em horário dito pós laboral. Quando cheguei a casa tinha um aviso na caixa do correio a dizer que tinham ido fazer a entrega às 17h20, não estava ninguém e para contactar o apoio ao cliente. Assim fiz logo no dia seguinte, pelas 9h30. Qual o meu espanto, depois de estar agarrada ao gravador quase 5 minutos e a pagar a chamada, diz-me a sra do outro lado que a encomenda tinha saído novamente para entrega. Perguntei a que horas aproximadamente ia ser entregue porque ao fim da tarde ia sair, ao que me responde que não sabia, nem dava para agendar a entrega. Bem, pensei com os meus botões que se tinha saído para entrega e já tinha sido feita uma tentativa no dia anterior, concerteza logo pela manhã voltariam a tentar, pelo menos seria o mais lógico e o que já presenciei noutras situações. Passei a manhã de ouvido agarrado à campainha, atenta ao ladrar do meu cão, nem banho tomei com medo que a campainha tocasse e eu não ouvisse. Chegaram as 17h e tive que sair novamente, como no dia anterior, já antevendo que ia dar asneira. Assim foi, quando cheguei verifiquei a caixa do correio, sem nada. Hoje voltei a não ir à aula de Hidro com medo que me batessem à porta e, logo pela manhã cedo, liguei para o mesmo número; a resposta foi simples: "a encomenda está cá. Ontem tentaram entregar mas não estava ninguém". A que horas? perguntei. "Por volta das 16h30". Exactamente na altura em que saí. Foi então que todo o sangue que habita o meu corpo subiu pelas pernas e pelos braços, depois pela coluna até ao pescoço e saiu sem pedir licença à boca. Acredito que as pessoas que estão do outro lado do telefone muitas vezes não têm culpa, mas a isso se chama ossos do oficio. E lá lhe disse, a bom tom, tentando ser o mais educada que conseguia a minha adrenalina, que não era possível que tivessem voltado a tentar à mesma hora onde ja estava provado que não estava em casa. E diz-me a senhora que o melhor seria eu ir levantar ao entreposto. Então para que é que se pagou a uma transportadora? para transportar e entregar! Pois bem, tive que ir até ao emprego do meu marido, pegar no carro, ir até ao entreposto e levantar a encomenda. Agora pergunto:Porque é que não contactam o cliente para agendar as entregas, ou pelo menos dão indicação em que altura do dia estará alguém em casa?
Será mau feitio ficar irritada por perder duas aulas de hidro, gastar dinheiro em telemóvel para o apoio ao cliente e ainda ter que gastar combustível e me deslocar para levantar uma encomenda que foi comprada pela internet, supostamente, para ser mais cómodo e não ter que sair de casa?
Claro está que não me resta outra hipótese senão fazer uma reclamação, mesmo começando a achar que o problema é meu.

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